segunda-feira, 6 de junho de 2011

Contra um mundo melhor - Ensaios do afeto (Luiz Felipe Pondé) - Ensaio 1- imperfeição



...Não controlamos a vida. Grandes planos podem dar em nada, ter fé pode levar você ao fracasso, acreditar em si mesmo pode levá-lo a erros definitivos, escolher ficar rico pode ou não dar certo, ter muito dinheiro pode sim garantir pessoas ao seu redor amando-o (Nelson Rodrigues dizia que dinheiro só compra amor verdadeiro...) ou pode levá-lo à solidão - enfim, não há garantias. É por isso que o normal é ser inseguro, mentiroso, covarde, e não santo ou corajoso. Cuidado, a leitura destes ensaios pode trazer efeitos colaterais: dúvidas, insegurança, insônia, raiva. Se isso acontecer, e você não gostar do que está sentindo, leia livros de autoajuda, tome remédios, faça meditação por cinco minutos. Mas não me entenda mal, caro leitor, pois não quero dizer que ser covarde é bonito ou louvável porque, enfim, a vida é dura e não parece ter sentido, e por isso valeria a pena ler livros de autoajuda. Acho que essa literatura não vale a pena, melhor sofrer sendo gente do que sorrir sendo uma pedra burra...

...Nos últimos séculos, acreditar num mundo melhor se transformou na pior prisão para o pensamento e a alma. No limite, uma falha de caráter.



Fragmentos do livro:
Contra um mundo melhor - Ensaios do afeto (Luiz Felipe Pondé)
Ensaio 1 Imperfeição - Pág. 21 e 23


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